Feitiço para entrar no mundo inferior e sair dele

A partir do Livro dos Mortos

Projeto Xaoz
4 min readMay 6, 2020

Este feitiço, descrito no Livro dos Mortos (17º feitiço), deve ser utilizado para permitir uma entrada e uma saída seguras do submundo. Pode ser utilizado, portanto, em ritos onde será necessário um mergulho no inconsciente, facilitando o contato com entidades ctônias e/ou do submundo. Segue o feitiço.

Eu sou o deus Tum, solitário dos amplos Espaços do Céu;

Eu sou o deus Ra subindo ao alvorecer dos tempos antigos, semelhante ao Deus Nu.

Eu sou a grande divindade que cria a si mesmo

Os misteriosos poderes dos meus nomes criam as hierarquias celestes.

Os deuses não se opõem à minha progressão.

Eu sou ontem e eu serei o amanhã

O combate cruel empreendido pelos deuses uns contra os outros é de acordo com minhas vontades.

Sou o misterioso nome da Grande Divindade que está no céu;

Eu sou a Grande Bennu de Heliópolis.

Eu sou o único que guarda o Livro do Destino onde se escreve tudo o que foi e tudo o que será.

Eu sou Deus Amsu (Min) no momento em que ele se faz presente e as duas penas da deusa Maat decoram minha cabeça.

Aqui chego à minha pátria de origem e aguardo o lugar da minha morada definitiva.

O mal que vivia em mim foi extirpado pelas raízes.

Meus defeitos e meus vícios foram varridos.

Eu ando pelos caminhos do Duat e em verdade eles são conhecidos por mim.

Minha marcha segue a direção da Ordenação dos Mundos.

Agora, chego ao reino do horizonte oeste, eu atravesso o portal sagrado!

Oh Deuses! Vós que estão me dirigindo, estendam os braços para mim!

Pois eu sou um deus, seu igual!

Quando o olho divino, na batalha de Hórus com Seth, estava prestes a se tornar extinto, Eu restaurei seu vigor.

Eu ordenei os circuitos celestes depois de uma grande desintegração dos mundos.

Ontem eu vi Ra nascer quando emergiu das profundezas do céu.

Então sua força é minha força!

Em verdade digo que eu sou um poderoso Espírito entre aqueles que cercam Hórus!

Oh guardiões da Ordem dos Mundos, Salve!

Vós, hierarquias divinas que cercam Osíris, que vocês destruam o Espírito do Mal e vocês, servos da deusa Hotep-Sekhus, permita-me chegar até ti. Destrua o mal que se apega à minha alma, como você purificou os sete espíritos obedientes ao seu Senhor, Sepa (Anúbis)

Aqui está Anúbis que ordena lugares para eles durante este grande dia cujo nome é: “Por aqui, vem!”

Eu sou aquela alma bendita que habita na divindade dupla Djafi (Osíris-Rá)

Eu sou aquele grande gato divino

Quem cortou a árvore sagrada de Heliópolis na noite da destruição dos demônios, aqueles inimigos de Neberdjer (Senhor dos Dois Mundos — Osíris)

Oh Ra! Senhor que reside no Ovo Cósmico, que brilha como ouro puro, no seu disco solar que ascende acima do horizonte e navega através de um céu de bronze.

Tu, inigualável, único entre os deuses!

O Céu sustentado pelos Pilares do deus Shu tu viajas em toda a sua extensão.

Um hálito de fogo emerge da sua boca e seus gloriosos espíritos iluminam as duas terras.

Oh Ra! Preserve-me daquele demônio!

Que tem o rosto escondido atrás de um véu

Os Braços da Balança são suas duas sobrancelhas quando na noite fatal meus pecados, antes de serem destruídos, serão computados.

Preserve-me daqueles Espíritos Guardiões provido de facas longas e cujos dedos fazem tanto mal!

Eu sei: a morte dos servos de Osíris é o prazer deles.

Que eles não tenham força contra mim!

Que não me leve para suas caldeiras, porque eu sei seus nomes, oh deuses!

Eu sei quem é o Ser divino escondido nos domínios de Osíris, cujo olho brilha no céu.

Cercado por um envoltório de fogo que emerge de sua boca

Que anda pelo céu dando ordens ao deus do Nilo celestial e ainda permanece invisível.

Eu consegui ser forte na Terra ao lado de Ra!

Consegui chegar em paz no Porto ao lado de Osíris!

Que eu consiga, oh deuses, achar puras, em seus altares, as ofertas que são destinadas a mim!

Porque eu sou um daqueles que vão atrás de Osíris!

Eu voo como um falcão, eu grito como um ganso selvagem, como Neheb-Kau (Rá), eu nunca perecerei!

Salve, ó Grande Deus que em teu barco diurno navegas antes de surgir no Oeste! (…)

Deixe-me subir em sua Barca Noturna e dirigir teu séquito da mesma forma que seus servidores, os Arcontes dos Mundos.

Estas ofertas são colocadas no altar de Heliópolis.

Glória ao Olho divino, aquele que cruza o céu!

É assim que eu avanço junto ao Grande Deus e o retiro das mãos dos meus inimigos

Eu circulo na Barca de Ra e minha única lei são os decretos deste deus.

Tradução para o português por: Allan Koshdoski.

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