Meditação Básica

Abandono, Silêncio e Respiração

Projeto Xaoz
4 min readJan 23, 2019

Texto adaptado de Brahmavamso, Ajaan. Meditação para Principiantes, Experientes e Avançados.

A Meditação é o processo para lograr o desapego. Na meditação renunciamos ao complexo mundo exterior para Atingir o sereno mundo interior. O esforço é dirigido para o abandono.

“Um meditador cuja mente se incline pela renúncia com facilidade alcança Samadhi”. — Ajaan Brahma

Abandone o Passado e o Futuro, permaneça no Presente

Na meditação não iremos desenvolver uma mente que acumula coisas e se agarra a elas, mas uma mente que está disposta a se soltar das coisas, se soltar dos fardos.

  • Começa-se pelo estágio bem simples de abrir mão da bagagem do passado e do futuro. Só existe o aqui/agora. Não deve-se pensar no trabalho, na família, nos compromissos. Você se torna alguém desprovido de história durante o período da meditação.
  • Quanto ao futuro, as expectativas, temores, planos e esperanças, solte-se disso. O futuro é incerto, desconhecido e, portanto imprevisível.
  • Quando você estiver meditando e pensando “Quantos minutos ainda faltam para terminar? Quanto tempo mais tenho de aguentar?” isso será novamente vaguear na direção do futuro. Solte-se disso.
  • Mantenha a sua atenção exatamente no momento presente, ao ponto de não saber nem que dia é hoje ou que hora é — manhã? Tarde? Não sei! Você sabe qual momento é — agora! Você tem que penetrar na realidade do agora.

Esse é o primeiro estágio da meditação, nada além dessa atenção plena sustentada unicamente no presente.

Silêncio Interior, Plena Atenção na Respiração

O principal obstáculo para a atenção silenciosa é o alto valor atribuído aos próprios pensamentos. A remoção cuidadosa da importância que se dá aos próprios pensamentos e a compreensão do valor e veracidade da atenção silenciosa constituem o insight que faz com que este segundo estágio seja possível. Se quiser avançar mais, ao invés de ficar com a atenção silenciosa em qualquer coisa que surja na mente você escolhe apenas UMA COISA na qual aplicar a atenção silenciosa no momento presente, como a percepção da respiração. À medida que a mente começa a se unificar, sustentando a atenção em apenas uma coisa, a experiência de paz, prazer e poder aumentam significativamente.

Frequentemente acontece que os meditadores começam a meditação com atenção na respiração e com as suas mentes ainda saltando entre o passado e o futuro. Se a mente estiver bem preparada depois de completar os dois primeiros estágios, você perceberá que ao focar na respiração, será capaz de sustentar a atenção com tranquilidade. Alguns mestres dizem para observar a respiração na ponta do nariz, outros, observar no abdômen e outros movê-la para cá e depois movê-la para lá.

Descobri através da experiência que não é importante onde a respiração é observada. Na verdade, é melhor não localizar a respiração em nenhum lugar! Prefiro a narina, na mudança de temperatura entre a entrada e saída do ar. Deixe de lado a preocupação com a localização dessa experiência; foque apenas na experiência em si.

A plena atenção ininterrupta na respiração ocorre quando a atenção se expande. Você experimenta cada parte de cada inspiração e expiração, continuamente durante centenas de respirações seguidas. É como um “transe”, você abstrai tudo e só existe o fato respiratório, sua sensação, seu som, mais nada. “Você” não chega a esse estágio; a mente chega a esse estágio sozinha. Ao manter essa unicidade da atenção, simplesmente, sem interferência, a respiração começará a desaparecer. Surge aqui a Respiração Bela (calma, você não para de respirar não; só sua mente abstrai até mesmo a respiração).

O belo incorpóreo se torna o único objeto da mente. A mente agora toma o seu próprio objeto. Neste ponto, a mente está tão calma que será impossível qualquer diálogo.

Perde-se noção de tudo, tempo, espaço… mas isso ainda não é Jhana ou Absorção mental, é um “tilt” chamado Samadhi, espera que uma hora acaba. Existem 3 tipos de Samadhi: Khanika, Upacara e Appana. O primeiro, mais frágil, o segundo mais duradouro e o terceiro completo e refinado, ou seja, Jhana que te quero Jhana.

Este é apenas o primeiro desabrochar do prazer na mente. Esse prazer irá se desenvolver, crescer, se tornar muito firme e estável. E assim você entrará nos estados meditativos chamados Jhanas.

Respiração Bela e Nimitta

O quinto estágio é chamado “plena atenção ininterrupta na respiração bela”. A mente está feliz só em permanecer ali observando essa respiração bela. A mente não precisa ser forçada. Ela permanece com a respiração bela por si mesma. Se você tentar fazer algo neste estágio, irá perturbar todo o processo, o belo será perdido.

O gato de Cheshire desvanecendo-se representa a respiração desaparecendo, e o sorriso incorpóreo ainda visível no céu representa o puro objeto mental “belo”, claramente visível na mente. Esse objeto mental puro é chamado de Nimitta — Sinal. Trata-se da consciência da mente libertada pela primeira vez do mundo dos cinco sentidos, ou Vipassana.

Para mim, é como um ponto de luz branca que dança. Pequena mas brilhante. Com o passar do tempo, essa luz vai aumentando e diminuindo, aumentando até tomar conta de tudo. Fica tudo branco e puft! Apaga e começa a primeira absorção mental. Intenso prazer puro e felicidade pura. Mas isso não é físico. Os sentidos já foram apagados faz muito tempo. É puramente mental.

Imagem: Meditação ao pôr-do-sol por Yoga Journal.

Por: Allan Koschdoski

Referências: Brahmavamso, Ajaan. Meditação para Principiantes, Experientes e Avançados. s.l. : Bodhinyana Monastery, 2006; Khantipalo, Bhikkhu. Conselhos Práticos para Meditação. Acesso Ao Insight. [Online] 2013.

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