Projeção Astral e Goécia

Diário de bordo de um planinauta

Projeto Xaoz
9 min readApr 18, 2020

Durante 10 dias ao longo de 2018, realizei treinos de Yoga com foco no Surya Namascar, fazendo 7 ciclos de saudação ao Sol por dia. Em seguida, acendi um incenso, me deitei em Shavasana e meditei de olhos fechados usando o método de Cromo-Gnose para alcançar o estado Alfa.

Quando alcancei o estado Alfa, me visualizei saltando da varanda e penetrando no chão ao alcançar o solo. Ao atravessar o chão, estava na parte de dentro da Terra, onde via um segundo Sol ardendo no centro de tudo, e um campo de trigo aos meus pés.

No meio do Campo do Trigo estava o Templo de Shamballa.

Malkuth

Ao entrar nos portões do templo, estava em Malkuth. Observei o chão, e vi um selo redondo onde havia escrito “Invictus Dei”, com uma cruz e quatro círculos nos quadrantes. Nas paredes, imagens de Ceres, a deusa da agricultura. Disse “se houver algum Daemon da Goécia, que se manifeste”. Foi quando surgiu um homem com face de leão no meio da sala, e era o daemon Marbas.

Sem que ele dissesse nada, senti que a fumaça do incenso começou a vir em minha direção, e fui tomado por uma sensação de leveza. Agradeci e saí do estado de Gnose. Ao observar o incenso, vi que tinha queimado formando um anel ou laço redondo sem que as cinzas caíssem. Marbas me concedeu clareza mental e ajudou a me sentir mais tranquilo, como uma limpeza ou cura (um dos aspectos regidos por este daemon).

Yesod

Nesta sala, havia um selo no chão onde estava escrito “Deus Omni”, com o desenho de uma galáxia. Nas paredes, havia desenhos de Orfeu, o poeta, com sua lira que ao ser tocada fazia os animais perderem o medo. O daemon que se manifestou foi Marchosias, na forma de um grifo, que perguntou:

“Qual seu maior sonho?”

Naquela sala, que correspondia à esfera dos sonhos, refleti e respondi: “Compartilhar conhecimento”. Em seguida, me perguntou:

“Do que você tem mais medo?”

Como uma entidade que traz a capacidade de lutar, esta pergunta foi interessante, uma vez que a resposta iria me conferir forças contra o que temia. Em resposta a Marchosias, pensei: “Tenho medo da morte”. E me pus a refletir sobre o assunto, para que pudesse enfrentar o medo da forma mais vantajosa possível. De fato, ressignificar a morte é uma tarefa árdua porém recompensante.

Hod

Neste local, havia um selo no chão onde estava escrito “Deus Magnum Opus” com um desenho de três aneis entrelaçados. Nas paredes, havia desenhos de Poseidon, deus dos mares, com um tridente e cauda de peixe. O daemon que se manifestou foi Bifrons, na forma de uma grande lagosta, que ficou quieta, mexendo suas antenas.

Pensei em todo o simbolismo da carta da Lua, no Tarot, e em como o inconsciente é um vasto campo de aprendizado e mistura de conteúdos. A mente humana em toda sua potencialidade seria a obra mais perfeita de Deus, a Magnum Opus dele, embora muito inexplorada ainda. A esfera Hod traz o aspecto de Glória divina, e isto me foi mostrado ali.

Netzach

Nesta sala, havia um selo no chão onde estava escrito “Deus Videns”, com o símbolo de um olho. Nas paredes, havia desenhos de Íris, a mensageira grega da aliança divina, em suas roupas esvoaçantes com sete cores. O daemon que se manifestou foi Andrealphus, na forma de um pavão, que disse:

“Usai todas as energias, entendei todas as frequências, e então tudo verás”

A vitória de Netzach se apresentou como a capacidade de usar e entender todo o espectro eletromagnético, sendo o pavão um ser onisciente com seus mil olhos e mil cores. Quando conseguimos analisar todas as camadas de uma questão, temos uma visão mais ampla do que está ocorrendo em um tópico e também em seus arredores. De um ponto no mundo, podemos acessar todos os outros, sabendo interpretar as consequências de cada evento em suas vizinhanças.

Tipharet

Aqui, havia um selo no chão onde estava escrito “Deus Solis” e um desenho de sol. Nas paredes, havia desenhos de Apolo, com uma coroa de louros e portando arco e flechas (usadas para matar Píton no mito). O daemon que se manifestou foi Amon, na forma de um carneiro com chifres ondulados e um sol incandescente brilhando no centro. Ele disse:

“Revela teus medos, ilumina tua sombra, para que possa então enfrentá-la, assim ela não te fará mal. O que seria o Corpus Christi, senão o magista preparando seu corpo para fazer a travessia por Daath?”.

Refleti como a Beleza de Tipharet é exatamente encontrar beleza onde se pensa que há somente sombras, e como Jesus precisou passar por etapas de purificação até alcançar o sacrifício último que proveria a todos uma travessia segura por Daath, para que cada um não tivesse que enfrentar seu próprio abismo pessoal. Esse combate contra Píton deve ser feito por cada um, para que a vitória sobre o abismo seja alcançada, e o sol interno possa se manifestar no mundo. Pois o sol interno está escondido exatamente na sombra, onde ninguém mais procura.

Geburah

Nesta esfera, havia um selo no chão onde estava escrito “Deus Imolator” e uma chama desenhada. Nas paredes, havia desenhos de Prometeu, o titã que trouxe o fogo do conhecimento aos homens, sofrendo um severo castigo dos deuses. O daemon que se manifestou foi Phenex, na forma de uma fênix, que disse:

“Queima o que te faz mal e renasce das cinzas”

A severidade é importante para que cada pessoa limpe sua psicosfera, no processo alquímico conhecido como “calcinação”. Assim, o novo ciclo será iniciado de forma tranquila e sem carregar aquilo que faz mal e foi acumulado no ciclo anterior. Prometeu traz o fogo do conhecimento, que permite calcinar as limitações impostas pela natureza — a primeira delas, sem dúvida, é a escuridão da noite, metáfora para a sombra, escuridão da alma.

Chesed

Nesta sala, havia um selo no chão onde estava escrito “Deus Vivificans” e uma árvore desenhada. Nas paredes, havia desenhos de Hera, a deusa dos casamentos, dos nascimentos, e protetora das mulheres. O daemon que se manifestou foi Barbatos, na forma de um homem com chapéu sentado segurando uma flauta, que perguntou:

“Crescei-vos e multiplicai-vos; não era esse o objetivo da criação?”

Oposta à severidade, a misericórdia é importante também em algumas situações; notadamente, quando se revoluciona ou evolui, é preciso de um tempo para estabelecer o aprendizado e manifestá-lo no mundo. Se os animais só evoluíssem, não haveria espécies, e elas poderiam não sobreviver pois não haveria a formação de comunidades. Por outro lado, se os animais só se multiplicassem, não haveria diversidade, que vem com a evolução e a ruptura. Sendo assim, severidade e misericórdia são importantes em momentos específicos, e devem ser dosadas (não de forma constante, mas variando no tempo).

Binah

Neste local, havia um selo no chão onde estava escrito “Deus Implacabilis”, e um símbolo de martelo. Nas paredes, havia desenhos de Hefesto, o ferreiro que produzia implacáveis armas. O daemon que se manifestou foi Marax, na forma de um touro, que disse:

“A dispersão leva à individualização; Assim, cada um pode ser seu próprio deus”

A dispersão pode parecer nociva para muitos, mas é exatamente por meio dela que podemos ser livres e individualizados. Quando as almas humanas se dissociaram da Mônada, Binah teve um papel muito importante para impedir sua junção. No Big Bang, essa dispersão também foi importante para a formação dos quasares, em seguida das estrelas, e depois dos planetas. Se tudo ficasse sempre reunido, não haveria nada, só o “um”. A compreensão de que se é um “ser” ou de que “cada um pode ser seu próprio deus” só é possível por meio dessa dispersão.

Chokmah

Nesta sala, havia um selo no chão onde estava escrito “Deus Complacens”, e um símbolo de teia. Nas paredes, havia desenhos de Gaia, mesclada às plantas e às raízes e à terra. O daemon que se manifestou foi Astaroth, na forma de uma grande aranha, que disse:

“Teci a teia do universo e agora encontro-me no centro dela, sentindo cada movimento”

A sabedoria está ligada ao conhecimento de tudo que ocorre no universo, e é auxiliada pelas conexões que há entre os elementos. O campo eletromagnético de qualquer ente pode ser sentido de qualquer lugar, com maior ou menor intensidade. Sendo assim, o campo eletromagnético sentido em cada ponto é uma composição dos campos eletromagnéticos de tudo o que existe, como uma grande teia onde se sentem os movimentos das moscas. Esta sabedoria, quando combinada com a dispersão, faz o universo se manter em movimento, interagindo consigo mesmo internamente a todo o tempo.

Daath

Esta sala era um corredor com um grande buraco e rachaduras no chão de madeira. Quando parei para meditar na beira do buraco, olhei para cima e surgiu pendendo do teto um tecido acrobático, que usei para atravessar, me balançando até o outro lado. Uma voz disse:

“Aquele que desafia o risco da queda se mostra merecedor dos benefícios do alto”

Daath é o conhecimento oculto que mantém tudo orbitando e se movendo ao seu redor, o plano inefável e imperscrutável. Segui pela porta à frente, rumo a Kether.

Kether

Nesta sala, havia um selo no chão onde estava escrito “Deus Ipsissimus”, e o desenho de uma coroa. Nas paredes, havia desenhos de Zeus, segurando raios de metal. O daemon que se manifestou foi Baal, na forma de uma gata preta, com três glândulas saindo da testa na forma de uma coroa, que disse:

“O alto te protege”

A coroa é o domínio dos três pilares da Árvore, que tem associação com as trindades ao longo da história, e com as três pétalas do Ajna chakra (representado na testa). Tendo este domínio, o adepto receberá a “proteção do alto”, que nada mais é do que a própria capacidade de transitar entre os estados com maestria, dependendo da situação.

O uso de todas as energias citadas é muito útil na vida de um magista, e protege o adepto de situações indesejadas.

Por: RoYaL.

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Este projeto visa compilar, analisar e desenvolver as bases do conhecimento de sistemas mágicos. Leia mais em: www.xaoz.com.br

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